sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Aviões, barcos, elétricos e elevadores

Luís Filipe Costa, cineasta e autor de ficção, foi um conhecido realizador e locutor de rádio. Ele associa-se indiscutivelmente a Rádio Clube Português, a maior estação comercial da rádio portuguesa até 1975. A sua voz é inconfundível - ainda hoje reconheceria a sua voz. Ele foi o noticiarista (jornalista de rádio) a revolucionar os noticiários da sua estação e, por influência e imitação, das outras rádios, com duração de três minutos. Isto aproximou cada notícia ao tempo da publicidade - curto e objetivo. Se necessário, tirava-se o verbo ou o artigo definido (exemplo: em vez de dizer "O Belenenses é o campeão" bastaria dizer "Belenenses campeão"). A revolução começou por volta de 1960, quando a estação deixou os estúdios da Parede e passou a funcionar na rua Sampaio e Pina, onde ainda hoje trabalha a Rádio Comercial. O locutor tinha a experiência da publicidade e Rádio Clube Português já tinha o noticiário Repórter Mabor, um noticiário curto às 14:00.

Rádio Cube Português modernizou-se nessa década. Para fazer reportagens em direto, alugou um helicóptero, em que vemos Luís Filipe Costa pronto a fazer reportagem (revista Nova Antena, 25 de abril de 1969). Rapidamente a estação apercebeu-se que o meio aéreo não era eficaz e comprou um avião. Para acompanhar em tempo real a volta a Portugal em bicicleta ou o rali do Vinho do Porto, o avião trouxe vantagens. E, se um membro da família Botelho Moniz quisesse ir para uma sua propriedade, o avião garantia melhor qualidade.


Mas os programas mais inovadores também usaram meios de transporte. O programa PBX, iniciado em 1967, usou um carro elétrico para um programa. A primeira emissão de Tempo Zip, na Rádio Renascença, fez-se a bordo de avião da TAP (29 de março de 1970), com o Boeing a sobrevoar o espaço entre Lisboa e Setúbal durante 30 minutos. Um outro programa também usou o barco entre Lisboa e a outra margem do rio Tejo para entrevistar passageiros e passar música ao vivo.

Os rapazes dos Emissores Associados de Lisboa, com menos capacidade financeira, não ficaram atrás. Organizaram um programa com uma viagem de elevador. Em cada andar do prédio, o repórter, o animador e o músico paravam e discutiam um tema. Creio que não foi no Bairro Azul, onde funcionava Rádio Peninsular mas perto da igreja de Nossa Senhora de Fátima, onde se instalou a Alfabeta (empresa comercial de Rádio Peninsular e Rádio Voz de Lisboa).

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